Neste endereço irá publicar-se poesia, mesmo que seja escrita em prosa, da temática universal em que a sonhou, escreveu e declamou Carlos Faria

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

José Guilherme Macedo Fernandes

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Em Memória de Carlos Faria

Como eras homem de vulto
No corpo e na alma
Nunca te esqueci
Nem esquecerei
Porque não pude nem posso
Porque não quis nem quero
Prefiro recordar-te envolto no esmero
De semeares cultura
Para bem da gente
De um país inculto

No teu Glacial
Dei como outros mais
Os primeiros passos públicos
De poeta por ti estimulado
A sair à rua e mostrar
O que guardava na gaveta do pudor

E posso lá esquecer
Os teus flashes
Certeiras flechas
Na mouche do pretendido alvo
Prenhes de intenção e luz
Capazes de incendiar
Nove ilhas adormecidas

E temos ainda São Jorge
Em comunhão de emoções
Sentimentos e afectos
Que eu jamais tentei
Cantar ou descrever
Em prosa ou poesia
Pois que tu te antecipaste
E de São Jorge disseste
Com amor frescura e mestria
Tudo o que eu sentia
O meu São Jorge
Está retratado em corpo inteiro
No teu São Jorge

Para recordar e reviver
A nossa Ilha
Por ti amada como filha
Basta-me ler
As cartas de amor
Que ao longo dos tempos lhe escreveste

Disseram-me há dias
Que tinhas descido à terra
Eu não acreditei
Sorri e pensei
Num Canal de mar
Num golpe de ar
Num leve bater de asa
Genial picardia
Gostosa brincadeira
À Carlos Faria

Fui a correr
Reler o teu «São Jorge – o ciclo da esmeralda»
E num lampejo vislumbrei o cenário
O teu último flash
Fruto do génio e da graça
Que perdulário espalhaste
Pelas ilhas encobertas da Vida
Flash que por certo imaginaste assim:
Vou mergulhar a fingir
Na terra fria
Como se fora o fim
Para logo ressurgir
No alto do Pico da Esperança
A luzir que nem uma estrela
A sorrir que nem uma criança.

José Guilherme


NOTA:
Temos muito gosto em publicar este poema de José Guilherme Macedo Fernandes, acrescentando o texto da sua muito estimada mensagem:


Caros amigos,

Conheci, admirei e convivi com o Carlos Faria nos anos setenta, em
Angra do Heroísmo, onde eu vivia. Chamo-me José Guilherme Macedo
Fernandes e sou cunhado do Artur Goulart que me deu o vosso contacto e
me sugeriu que vos mandasse esta singela homenagem que me saíu em
memória desse grande homem e  amigo, quando soube do seu falecimento.
Com consideração e estima,

José Guilherme

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Um comentário:

  1. Bom dia José Guilherme

    Obrigadissimo pela sua magnífica contribuição e por toda a simpatia das suas palavras

    Quando Costa Brites decidiu promover este conjunto de blogs ,sempre soubemos que ia haver aqui muita qualidade....Confirma-se

    O meu Pai ,na fajã onde repousa , está deliciado por certo e feliz por ver que os amigos não se esquecem dele

    Obrigado a todos

    ResponderExcluir

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